Em decisão tomada no fim de semana, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu à Advocacia-Geral da União (AGU) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) que se manifestassem sobre o pedido feito por Ednaldo Rodrigues, presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Este último moveu uma ação na Corte para tentar retornar ao cargo.
Conforme o despacho do ministro, tanto o advogado-geral da União, Jorge Messias, quanto o procurador-geral da República, Paulo Gonet, terão cinco dias para apresentarem seus pareceres sobre o caso. Em resumo, a AGU e a PGR devem indicar ao tribunal se são favoráveis ou contrárias ao retorno de Ednaldo à presidência da CBF.
Ednaldo deixou a presidência da CBF na última semana, em razão de uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que apontou que ele participou da elaboração de falsificação de uma assinatura que o ajudaria a permanecer no cargo.
Com o afastamento de Ednaldo Rodrigues, Fernando Sarney, filho do ex-presidente José Sarney, assumiu interinamente a presidência da entidade. No entanto, se nada mudar, o pleito programado para o próximo domingo será meramente simbólico, uma vez que o presidente da Federação Roraimense de Futebol, Samir Xaud, consta como único candidato.
É importante notar que o ministro Gilmar Mendes, relator do pedido de Ednaldo Rodrigues no STF, mantém uma relação de negócios com a CBF. Conforme explica uma reportagem da Revista Oeste, a relação — inclusive financeira — do ministro com a entidade máxima do futebol brasileiro se dá por meio do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).
“Em junho de 2017, Gilmar Mendes entregou a direção do IDP ao seu filho, Francisco Mendes, o Chico. Sem descuidar de lucrativos seminários internacionais nem de eventos como o Gilmarpalooza, o herdeiro tratou de buscar sócios para a exploração de filhotes do IDP — e para empreendimentos que ampliassem o faturamento”, informam os autores da reportagem. “Assim surgiu a CBF Academy, braço educacional da CBF administrado pelo IDP, responsável pela gestão e comercialização dos serviços oferecidos pelo fruto da parceria. Uma cláusula estipula que o IDP ficaria com 84% da receita — a CBF, com 16%. Em 2023, a receita foi de R$ 9,2 milhões.”