cidade sagrada de Israel é centro de tecnologia

cidade sagrada de Israel é centro de tecnologia

Jerusalém foi conquistada pelo Rei Davi, que a estabeleceu como a capital do Reino de Israel. Essa cidade se tornou um centro político e espiritual em cerca de 1.000 a.C. Posteriormente, seu filho Salomão, entre 970 a.C. e 930 a.C., construiu o Primeiro Templo, transformando Jerusalém no símbolo da religião judaica.

Nos séculos seguintes, a cidade foi palco de disputas pelo controle de seus locais sagrados, tornando-se uma imagem da fé. No entanto, a partir do século 21, Jerusalém adquiriu uma nova conotação: se tornou um núcleo de pesquisas e, hoje, é reconhecida como um “hub” de tecnologia.

Um vídeo do YouTube mostra a evolução de Jerusalém como centro de tecnologia.

A mudança começou em 1988, durante a gestão do prefeito Teddy Kollek, um defensor do sionismo. Nesse ano, foi criada a Jerusalem Development Authority (JDA), com o objetivo de desenvolver a cidade e consolidá-la como a capital da nação judaica, mesmo diante da pressão sobre Israel relacionada ao estatuto da cidade. O projeto contou com a participação do governo do país.

A JDA opera em parceria com o governo e a prefeitura de Jerusalém, investindo em infraestruturas físicas e tecnológicas, além do desenvolvimento econômico e do emprego em áreas em que a cidade tem vantagens competitivas.

Atransformação de Jerusalém em um centro de tecnologia demorou tempo para ocorrer, mais concretamente a partir do final dos anos 1990. Segundo a diretora da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria (Bril Chamber), Juliana Kraiser, a política de incentivo à inovação em Israel sempre foi uma política de Estado, não apenas de governo.

“Independentemente do governante, o investimento em pesquisa e desenvolvimento é garantido”, afirma Juliana. “E ousar, pensar fora da caixa, é incentivado. O principal órgão fomentador de tamanha inovação tecnológica é o Israel Innovation Authority (IIA). Israel também tem uma taxa alta de investimento em pesquisa e desenvolvimento, em mais de 5% de um PIB de US$ 600 bilhões.”

A transformação de Jerusalém em uma grande incubadora científica foi consequência do modelo da IIA, uma organização governamental que oferece programas de investimento para empreendedores e empresas. “O IAA teve grande importância na transformação de Jerusalém em um polo de inovação”, destacou um especialista.Jerusalém tem um sistema especial para incentivar o empreendedorismo na cidade, conforme conta uma especialista. Empresas que escolherem localizar-se ou transferir-se para a cidade recebem incentivos fiscais, subsídios e apoio financeiro.

Atualmente, a região de Jerusalém emprega cerca de US$ 1,7 bilhão em investimentos na biotecnologia, com aproximadamente 150 empresas atuando no setor. Além disso, Jerusalém abriga mais de 600 startups e 15 aceleradoras e espaços de coworking, apoiadas por fundos de capital de risco como OurCrowd e Jerusalem Venture Partners.

A JDA investiu em projetos como o Margalit Startup City, um centro de inovação de 50 mil metros quadrados que reúne startups e multinacionais, lado a lado com centros de pesquisa e desenvolvimento. A Universidade Hebraica de Jerusalém e outros centros, como o Jerusalem Technology Park e o Jerusalem College of Technology, também contribuem para o ecossistema de empreendedorismo da cidade.

Um empreendedor local, Elie Wurtman, destaca que muitos dos principais responsáveis pela produção de Israel, considerada a “Nação das Startups”, cresceram em Jerusalém. Isso inclui nomes como Noam Bardin, ex-CEO da Waze, e Gil Shwed, fundador da Check Point Software Technologies. Além disso, quatro dos fundadores da ironSource, um unicórnio que desenvolve ferramentas para desenvolvedores de aplicativos, também são de Jerusalém.

A presença cada vez maior da tecnologia de alta padrão está redesenhando o cenário da cidade, segundo o The Times of Israel. Em 2017, a Mobileye, fundada em 1999 na cidade, tornou-se a maior história de sucesso da tecnologia israelense ao ser vendida para a Intel por US$ 15,3 bilhões (R$ 85,5 bilhões).

Inovações constantes têm sido lançadas. Por exemplo, a Housetable busca resolver um problema comum no financiamento de reformas: bancos avaliam o imóvel pelo seu valor atual e desconsideram o aumento potencial após a obra, tornando difícil a concessão de crédito. Para contornar isso, a empresa utiliza inteligência artificial para estimar o valor futuro do imóvel após a reforma e oferece empréstimos com base nessa projeção.

A SolidBlock também atua no mercado imobiliário, que geralmente exige alto investimento e baixa liquidez. A empresa utiliza tecnologia blockchain para dividir digitalmente os imóveis em cotas menores, permitindo que investidores comprem partes fracionadas e negociem essas cotas com maior facilidade.

Embora as startups criem muitas vezes uma narrativa que infla a funcionalidade e a originalidade de seus serviços, as plataformas podem ser extremamente úteis para muitas pessoas, ajudando-a a aprender, encontrar inspiração ou se conectar com outras pessoas com interesses semelhantes. Isso ajuda a movimentar o mercado.

## Jerusalém, tecnologia e ciências da vida

A região de Jerusalém também consolidou um forte ecossistema de pesquisa e desenvolvimento em áreas como biotecnologia, farmacêutica, saúde digital e tecnologia médica, com um histórico de inovação e sucesso em nível global.

O Startup Genome Report de 2019 revela que Tel Aviv e Jerusalém ficaram em 6º lugar no ranking de ecossistemas globais de tecnologia, com destaque para a força de Jerusalém em ciências da vida, biotecnologia e inteligência artificial, com cerca de 150 empresas atuando nesse setor.Um funcionário de uma empresa que atua com fins lucrativos, responsável pelo desenvolvimento do Finder – um aplicativo que conecta startups, afirma que a cidade de Jerusalém abriga uma significativa quantidade de empresas ligadas às ciências da vida, estimada em cerca de 130. Dentre essas empresas, destacam-se aquelas que se concentram em saúde digital, dispositivos médicos e farmacêuticas.

Dois relatórios recentes reforçam a posição de Jerusalém como um dos principais centros mundiais nas ciências da vida, colocando-a entre as dez principais cidades nessa área.

A diretora da Bril Chambers, Juliana, revela que a evolução de Jerusalém como um polo de tecnologia e inovação não irá parar por aí.

“A expectativa é que Jerusalém continue a crescer como um polo de tecnologia e inovação”, prevê Juliana.

Ela destaca que os incentivos fiscais e o apoio dos organismos governamentais continuam ativos. Além disso, há um crescimento constante no número de patentes, especialmente em biotecnologia, saúde digital, inteligência artificial, visão computacional, mobilidade, segurança cibernética e governança tecnológica.

Outra vantagem que Jerusalém oferece, segundo Juliana, é a possibilidade de testar inovações na cidade e contribuir para a formação de profissionais de alto nível.

“Há também uma alta taxa de retenção de talentos locais, devido às parcerias institucionais com a Universidade Hebraica de Jerusalém, com o Hadassah Medical Center e com o Azrieli College of Engineering”, completa Juliana sobre a cidade que representam a união entre religião e ciência no mundo.

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