Professora é demitida após questionar secretária de Educação sobre direitos trabalhistas

Professora é demitida após questionar secretária de Educação sobre direitos trabalhistas

A professora de geografia Roberta da Silva Batista, de 28 anos, foi desligada do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Santa Bárbara, em Padre Bernardo (GO), dias após questionar publicamente a secretária estadual de Educação de Goiás, Fátima Gavioli. Durante uma transmissão ao vivo realizada na última quinta-feira (24), Roberta indagou o motivo pelo qual professores contratados não podem acompanhar seus filhos em consultas médicas sem terem o dia descontado, mesmo com a apresentação de atestado.

Roberta conta que foi chamada pela direção do Cepi na segunda-feira (28), onde recebeu a notícia de que seu contrato fora rescindido por “vencimento”. No entanto, a professora diz acreditar que a demissão tem relação direta com seu questionamento à secretária. “Conheço outras pessoas que também têm contrato, até mais antigo que o meu, e continuaram trabalhando normalmente”, afirmou, estranhando o critério aplicado.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação de Goiás (Seduc-GO) negou qualquer relação entre a demissão e o questionamento feito pela professora. A Seduc afirmou que o desligamento ocorreu devido ao término do contrato de Roberta, e que o encerramento não foi uma retaliação.

Durante a live, ao ler a pergunta de Roberta, a secretária Fátima Gavioli demonstrou irritação e afirmou que a professora “não é obrigada a trabalhar” se não concordar com as condições impostas ao cargo temporário. “Você não é obrigada a trabalhar, não. Se você for um contrato e acha que tem de ter um emprego que libera para ir ao médico, você precisa sair, porque a lei é federal (…) Contrato que está aqui dentro, não fez concurso. Quer trabalhar em um lugar que você possa ter liberdade de ir e vir, mas a lei federal te proíbe. Eu acho que você deveria pedir exoneração”, respondeu Gavioli, exaltada.

Após a repercussão negativa da resposta, Gavioli admitiu ter se excedido.

“Todo ser humano, por mais controlado que seja, tem horas que você realmente dá uma resposta até que depois se arrependa, eu não vou negar”, afirmou em entrevista à TV Anhanguera.

Roberta lamentou a situação e explicou que seu questionamento surgiu devido à necessidade de acompanhar seu filho, de 11 meses, em uma consulta médica em agosto. Ao apresentar o atestado à escola, verificou que o dia foi descontado de seu pagamento. “Na live, fiz a pergunta como qualquer outra pessoa. Ela se exaltou e me respondeu daquela maneira”, disse a professora.

A educadora ingressou na rede estadual em 2018 como contratada e teve o contrato renovado algumas vezes. Em 2023, após licença-maternidade, retornou ao trabalho, e embora soubesse que o contrato estava próximo de vencer, foi surpreendida com o desligamento poucos dias após a pergunta pública à secretária.

O novo Plano de Carreiras da Educação, aprovado recentemente, alterou as condições para o recebimento da gratificação de regência, um bônus mensal de R$ 2 mil concedido aos professores. Agora, os profissionais contratados que ultrapassarem três faltas em um mês perdem o direito ao benefício, mesmo que apresentem atestado médico.

Author: DoveCameron

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