Em uma inusitada narrativa que causou polêmica nas redes sociais, o presidente Lula celebrou o fato de a Boeing, empresa norte-americana, ter desistido de adquirir a Embraer em 2020. A celebração veio acompanhada de um sorriso e uma staement dúbia do líder, que correlacionou a decisão da desistência da aquisição aos trágicos acidentes aéreos que aconteceram em 2018 e 2019, resultando em 346 vítimas fatais.
Em um momento em que o respeito às vítimas e a segurança aérea deveriam ser prioridade, o tom de celebração pareceu inadequado e revela uma postura insensível quanto à magnitude e ao luto que os eventos causaram. Essa observação é fundamental, especialmente ao se tratar da máxima autoridade do país, cujas palavras têm o poder de ecoar e influenciar a perspectiva nacional.
Durante a mesma reunião no Palácio do Planalto, o presidente também observou o crescimento da economia como um fenômeno inevitável. Segundo suas próprias palavras: “Esse país vai voltar a crescer e, junto com o crescimento desse país, a indústria do aço”. Fica a crítica à abordagem simplificada e otimista do presidente, que não leva em conta os muitos desafios existentes para alcançar tal crescimento.
O crescimento econômico não é produto da vontade política sozinha. Além disso, é essencial que haja um planejamento cuidadoso e terra fértil para o florescimento de indústrias como a automotiva, a construção civil e a naval. Detalhes que faltaram ao discurso do presidente e que merecem atenção dedicada.
No caso específico da Embraer, que se encontrava no centro dos comentários do presidente, a análise é ainda mais crítica. As palavras de Lula sugerem que a emergente recuperação da Embraer se deve a um “desastre” com a Boeing. Aqui, novamente, o tom de celebração traz à tona a questão sobre o que deve ser valorizado – a retomada de um ícone da indústria nacional ou a infelicidade de uma empresa de aviação internacional?
Além disso, apresentou números grandiosos sobre a expansão dos mercados internacionais para os produtos agrícolas brasileiros. “Foram 106 novos mercados em apenas 15 meses. Nós vendemos até coisas que não temos de tanto que as pessoas acreditam que a gente tem”. Percebe-se aqui uma atitude imprudente, já que a qualidade e a capacidade de produção devem acompanhar a expansão do mercado, sob o risco de comprometer a reputação do Brasil como fornecedor confiável.
O vídeo completo da reunião, onde todas essas declarações foram registradas, foi removido das redes oficiais do governo, permanecendo apenas algumas fotos do evento. No entanto, trechos do discurso do presidente continuam sendo divulgados, deixando um registro de suas palavras e servindo como um lembrete necessários para a crítica sobre a direção que está sendo tomada.
Veja o vídeo:
Coqueluche é uma doença respiratória causada por bactéria que provoca tosse seca e pode levar à morte. pic.twitter.com/G5CwFYg7U3
— Claudio Dantas (@claudioedantas) May 21, 2024
