O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ameaçou prender o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, durante a oitiva de testemunhas no processo que apura a suposta tentativa de golpe de Estado. O confronto ocorreu na sexta-feira, 23, após uma pergunta feita pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Aldo Rebelo estava depoendo como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier. Durante a audiência no STF, houve um momento de tensão entre Rebelo e Moraes, que o advertiu por suposto desacato.
A questão que irritou Moraes foi a resposta de Rebelo sobre a Marinha. Gonet havia perguntado se Almir Garnier teria colocado tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que indicaria apoio à suposta trama golpista. A pergunta buscava esclarecer se o comandante da Marinha poderia mobilizar tropas de forma unilateral, enfraquecendo a tese de que Garnier teria poder para deflagrar sozinho uma intentona militar.
Aldo Rebelo reagiu, afirmando que era necessário considerar o sentido da expressão “estar à disposição” dentro da língua portuguesa. “É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, usamos com frequência a força da expressão. Ela nunca pode ser tomada ao pé da letra”, argumentou Rebelo. “Quando alguém diz ‘estou frito’, isso não significa que está numa frigideira. Quando diz ‘estou apertado’, não quer dizer que está sob pressão física. Quando alguém afirma que está à disposição, a frase não precisa ser lida literalmente.”
A resposta irritou Moraes, que indagou se Rebelo havia estado na reunião em que Almir Garnier usou a expressão. Rebelo respondeu que não, e Moraes reagiu: “Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”. Rebelo rebateu: “Em primeiro lugar, a minha apreciação da língua portuguesa é minha, e eu não admito censura”.
Moraes também disse que Rebelo não podia dar seu valor à questão, mas tinha toda a liberdade para fazer uma resposta tática.
Aldo Rebelo tem um histórico político significativo. Ele foi ministro da Defesa do Brasil de outubro de 2015 a maio de 2016, durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Durante sua gestão, Rebelo teve como missão coordenar as Forças Armadas e lidar com questões estratégicas de defesa nacional, em um período de transição política e desafios institucionais no país.