Ex-presidente do Banco Central responsabiliza Lula por inflação

Ex-presidente do Banco Central responsabiliza Lula por inflação


Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Médio do Brasil (BC), afirmou nesta terça-feira, 8, que o principal fator da inflação no país é o descontrole das contas públicas.

Segundo o economista, não se trata de uma ação deliberada de empresários, mas de um revérbero direto do gasto excessivo do governo Lula. Ele argumenta que o consumidor paga o preço da má gestão fiscal. Nesse sentido, culpar comerciantes por preços elevados é distorcer a veras.

“A inflação não é culpa do malvado do empresário que subiu o preço ou do possuinte do supermercado, a inflação, no termo das contas, é culpa do governo”, disse o economista em entrevista à rádio Jovem Pan. “É um processo em que você gasta mais do que arrecada. Isso está mais transparente.”

Campos Neto ressalta que a elevação da taxa de juros é uma resposta necessária. Ele explica que o BC reage à inflação com medidas técnicas, e não por vontade própria. Quando há risco fiscal e a taxa de juros sobe, o setor produtivo sente esse impacto diretamente.

O economista está em período de quarentena de seis meses, previsto depois de sua saída do comando da poder monetária, em dezembro de 2024. Ele alega que a pressão inflacionária tem efeitos imediatos sobre a imagem do governo.

“Quando o empresário tem uma taxa de juros subida, deveria pensar que está subida porque o governo gastou mais do que arrecadou, teve mais risco e, quando tem mais risco, a taxa de juros sobe”, afirma Campos Neto.

As críticas ao governo contrastam com declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em fevereiro, o petista sugeriu que os consumidores deixem de comprar produtos caros para forçar a queda de preços. De conformidade com Lula, o vendedor se veria obrigado a reduzir os valores para não perder mercadoria.

Banco Médio estipula meta inflacionária

Campos Neto rebateu essa lógica com dados e alertas sobre a trajetória dos juros. Na última reunião do Copom, a Selic subiu para 14,25% ao ano, e a expectativa é de novidade subida em maio. A ata da reunião destacou que o desaquecimento da economia é quesito necessária para reduzir a inflação.

A meta inflacionária estipulada pelo Banco Médio é de 3%, com margem entre 1,5% e 4,5%. Entretanto, o índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Largo de fevereiro ficou em 5,06%, e as projeções apontam para progresso até 5,6% nos meses seguintes. O próprio BC já admitiu que o índice deve permanecer supra do teto da meta.

O economista também ressalta a novidade feição do mercado de trabalho. Ele pondera que o governo precisa compreender que a geração atual procura autonomia, flexibilidade e digitalização.

Aliás, a rigidez nas regras trabalhistas desestimula a inovação. Campos Neto elenca que muitos atuam por meio de plataformas digitais e preferem formatos uma vez que home office ou atendimento remoto. O ex-presidente do BC defende a adaptação das normas às novas formas de produção. Ele acredita que o Estado deve facilitar, não engessar.

“Ninguém quer sindicato, ou que alguém fale que você vai trabalhar cinco ou seis horas por dia, ou se você vai trabalhar sete dias por semana”, esclarece o economista. “Tem um jeito novo de trabalhar. Eu não quero que você diga uma vez que vou trabalhar, eu quero que você melhore um instrumento de trabalho que eu tenho.”

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