Entre linhas cruzadas: Como a tese de Boulos pode beneficiar aliados e adversários

Entre linhas cruzadas: Como a tese de Boulos pode beneficiar aliados e adversários

Guilherme Boulos, líder do PSOL e ex-candidato à presidência, recentemente propôs uma tese controversa que teria ramificações significativas no cenário político brasileiro se adotada. A assinatura dessa tese de Boulos – “Um político deve enfrentar processo disciplinar apenas por infrações cometidas durante o mandato atual” – pode parecer presa a princípios democráticos em sua essência, no entanto, seu efeito colateral não intencional gerou bastante agitação.

Na verdade, se aplicada, essa tese poderia inocentar o Deputado Federal André Janones, membro do Avante e crítico contumaz do atual governo. As especulações correntes indicam que Janones pode se beneficiar desta proposta de Boulos, uma vez que qualquer infração que ele possa ter cometido antes de seu mandato atual estaria teoricamente livre de escrutínio.

Contudo, talvez haja um elefante maior na sala. De acordo com a tese de Boulos, Flávio Bolsonaro, filho do atual Presidente Jair Bolsonaro e figura central em uma série de investigações, também poderia obter as mesmas proteções. Isso deve ressaltar a notável contradição presente nesta situação: um membro proeminente de um partido de oposição propondo uma medida que poderia, inadvertidamente, beneficiar um membro do partido no poder.

Criticamente, Boulos parece estar em um dilema. Em sua busca para proteger Janones, a eventual proteção de Flávio Bolsonaro parece ser um efeito colateral inesperado, mas inevitável. Isso aponta para uma aparente hipocrisia na perspectiva de Boulos, ao proteger alguns políticos enquanto critica outros. Este exemplo serve para demonstrar como uma decisão voltada para a proteção de um aliado político pode levar à salvação de um adversário.

Quanto à posição de Flávio Bolsonaro, é importante lembrar que a investigação sobre ele deve correr o seu curso. Proveniente de uma família política proeminente, ele assumiu suas funções políticas sabendo dos escrutínios que eles envolvem. Apesar das investigações, é crucial lembrar a presunção de inocência, um direito garantido pela constituição.

Em suma, a situação destaca o equilíbrio delicado entre a proteção dos direitos dos políticos e a necessidade de responsabilizá-los pelas suas ações. A hipocrisia apontada por alguns na tese de Boulos serve como um lembrete de como a política pode, por vezes, escapar à lógica e ao senso comum.

Author: DoveCameron

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *