O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Clezio Marcos, afirmou na quinta-feira, 12, que a intenção do Brasil em lançar um satélite, em parceria com a China, de Alcântara, no Maranhão, é positiva, mas pouco provável no curto prazo.
De acordo com o cientista, a ideia é pouco viável devido à falta de estrutura atual do centro de lançamento para suportar a operação de satélites de grande porte. Clezio, que deixou o Inpe em fevereiro após cinco anos no cargo, destacou que a proposta representaria uma oportunidade para desenvolver a região.
No entanto, na visão do ex-diretor, o cenário mais provável é que o lançamento ocorra na China, assim como nos casos anteriores da parceria sino-brasileira, cuja série de equipamentos leva o nome de Cbers, que é a sigla em inglês para Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres.
A principal barreira técnica para o lançamento em território nacional é a ausência de um lançador capaz de colocar em órbita satélites do porte do Cbers-6, que pesa cerca de 800 quilos. O maior foguete em desenvolvimento pela Força Aérea Brasileira atualmente suporta até 130 quilos, segundo informa o cientista.
Além disso, a infraestrutura da base de Alcântara é considerada defasada, necessitando de reformas em armazéns, melhorias na logística para o transporte de equipamentos, construção de uma nova estrada, ampliação do porto local e atualização da legislação alfandegária, que atualmente encarece o envio de cargas para a região.
Segundo o ex-diretor, o Inpe já iniciou o mapeamento das necessidades para viabilizar futuros lançamentos de satélites de maior porte em território nacional. “É um bom exercício para capacitar a base”, mas ele reconhece que o Brasil teria a ganhar com a operação, mas a China pode não considerar a proposta atrativa.