Na manhã de 13 de agosto de 2025, a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) enfrentou um momento crítico durante uma audiência no Tribunal de Apelação de Roma, na Itália. A parlamentar, que está detida desde 29 de julho na Penitenciária Feminina de Rebibbia, passou mal logo no início da sessão, sofrendo uma tontura que exigiu atendimento médico imediato. Encaminhada a um posto de saúde e posteriormente a um hospital, Zambelli foi diagnosticada com sintomas relacionados à Síndrome de Ehlers-Danlos, uma condição rara que compromete a estabilidade muscular e articular, além da Síndrome da Taquicardia Postural Ortostática, que já a levou a internações no passado. O incidente resultou no adiamento da audiência para 27 de agosto, mantendo a deputada presa até a nova data.
O caso de Zambelli está no centro de um processo de extradição iniciado pelo Brasil em 12 de junho, após sua condenação em maio de 2025 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A parlamentar foi sentenciada a dez anos de prisão por suposta invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em colaboração com o hacker Walter Delgatti. A audiência em Roma, que contava com a presença do advogado italiano Alessandro Gentiloni, representando a Advocacia-Geral da União por ordem do ministro Alexandre de Moraes, buscava avaliar as condições legais para a extradição. A defesa de Zambelli, liderada por Fabio Pagnozzi, planejava solicitar que a deputada aguardasse o julgamento em prisão domiciliar, em um apartamento na capital italiana, sob medidas cautelares.
O juiz responsável determinou uma perícia médica urgente, a ser realizada até 22 de agosto, para avaliar as condições de saúde de Zambelli. Segundo seu pai, presente no momento da prisão, a deputada sofre de mais de dez condições médicas, o que tem sido usado pela defesa para argumentar contra sua permanência na prisão. A Penitenciária de Rebibbia, onde Zambelli está detida, autorizou o uso de medicamentos após a última audiência, mas as condições de saúde da parlamentar continuam a gerar preocupação.
O caso transcende a esfera jurídica, ganhando contornos políticos. Zambelli, uma figura polarizadora no Brasil, alega sofrer perseguição política e, em postagens no X, afirmou preferir cumprir qualquer pena na Itália, onde acredita haver “justiça e democracia”. No entanto, o deputado italiano Angelo Bonelli rebateu, afirmando que a prisão ocorreu por sua denúncia, e não por entrega voluntária da deputada. No Brasil, o caso é acompanhado de perto pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que avalia a possível cassação do mandato de Zambelli.
A tensão entre Brasil e Itália no caso reflete questões de soberania, justiça e política. O Ministério do Interior italiano, equivalente ao Ministério da Justiça brasileiro, analisa a documentação do processo, e o desfecho dependerá da decisão do tribunal sobre a extradição. Caso aprovada, a logística para a transferência de Zambelli ao Brasil será iniciada, mas até lá, a parlamentar enfrenta um futuro incerto, tanto na saúde quanto na política.