O faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras sofreu uma queda de 2,1% em maio, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Esta é a segunda retração consecutiva, após a queda de 4,9% registrada em abril, de acordo com o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), divulgado na terça-feira, 18.
Esse levantamento reflete o enfraquecimento dos setores de serviços e indústria. A análise não essencializada também confirma a tendência negativa, com uma redução de 1,3% em relação a abril. O índice, que havia mostrado um crescimento médio de 0,8% entre fevereiro e abril, voltou a indicar uma perda de ritmo.
No setor de serviços, as PMEs enfrentaram uma queda de 3% em maio. O desempenho fraco se espalhou por diversas atividades, principalmente pelas agências de viagem, educação e alimentação. Áreas como saúde e comunicação conseguiram amenizar parte das perdas, mas não foram suficientes para manter o setor estável.
A indústria vive um cenário ainda mais crítico, com sete meses consecutivos de retração. Na comparação anual, a queda chegou a 3,8%. Entre os 23 subsetores da indústria de transformação, 12 tiveram desempenho negativo. Os piores resultados ocorreram nos segmentos de alimentos, bebidas e produtos de madeira. Por outro lado, empresas de produtos químicos e papel conseguiram crescer, o que revela um cenário heterogêneo.
O comércio foi o único setor da economia que apresentou recuperação. Impulsionado pelas vendas do Dia das Mães, o varejo avançou 3,6% em maio. No acumulado do mês, o comércio como um todo cresceu 2,4%, revertendo a leve queda de 0,5% registrada em abril. Itens como joias e artigos de óptica puxaram o movimento. O atacado, no entanto, ficou praticamente estável, com uma leve recuo de 0,3%.
A área de infraestrutura também teve um desempenho positivo, com uma alta de 1,9%, principalmente devido aos setores de eletricidade e gestão de resíduos. A construção civil, porém, não acompanhou esse movimento e recuou 7,4%, refletindo os entraves do ambiente macroeconômico.
Segundo Felipe Beraldi, economista da Omie, o cenário permanece desafiador. Ele aponta que os pequenos empresários continuam pressionados pela combinação de custos elevados, juros altos e consumo mais fraco. “Os pequenos empreendedores enfrentam dificuldades não apenas para aumentar suas vendas, mas também lidam com o aumento das pressões de custo, o que torna a recuperação ainda mais complexa”, disse.Imagem: Um vídeo do YouTube sobre o tema econômico.
A inflação do IGP-M acumulada em 12 meses, que alcançou 7% até maio, apresenta um contraste com a deflação de 0,34% observada no mesmo período de 2024. Essa mudança revela uma deterioração no cenário econômico para pequenos negócios.
No entanto, apesar desse quadro negativo, Beraldi identifica sinais moderados de alívio. A taxa de desemprego permanece baixa, os rendimentos reais demonstram crescimento e a inflação começa a apresentar sinais de desaceleração.
O Índice Omie acompanha o desempenho econômico de mais de 170 mil pequenas e médias empresas no Brasil, com faturamento de até R$ 50 milhões anuais. Sua metodologia analisa as movimentações financeiras de 736 atividades econômicas, corrigindo os efeitos da inflação.