Lula conversa com Putin em ligação de 40 minutos

Lula conversa com Putin em ligação de 40 minutos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve, neste sábado (9), uma conversa telefônica de cerca de 40 minutos com o presidente russo, Vladimir Putin. A ligação partiu do Kremlin e abordou temas como a guerra no leste europeu, a cooperação estratégica entre Brasil e Rússia e perspectivas de fortalecimento das relações bilaterais.

De acordo com o Palácio do Planalto, Putin relatou a Lula informações sobre negociações em andamento com os Estados Unidos e “esforços pela paz” no conflito com a Ucrânia, iniciado em fevereiro de 2022 com a invasão russa ao território vizinho. O líder russo agradeceu o “empenho” do Brasil em contribuir para soluções pacíficas, apesar das críticas internacionais sobre a postura brasileira, vista por alguns governos como excessivamente tolerante com Moscou.

Além da guerra, os presidentes discutiram o cenário político e econômico internacional, incluindo desafios relacionados à segurança alimentar, à transição energética e às mudanças climáticas. A conversa também abordou a atuação conjunta no Brics — bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Putin parabenizou Lula pelos resultados da recente cúpula do grupo no Rio de Janeiro, marcada por discursos geopolíticos alinhados aos interesses dos países-membros e críticas de opositores sobre o suposto afastamento do Brasil de parceiros tradicionais, como Estados Unidos e União Europeia.

Na esfera bilateral, Lula e Putin reforçaram a intenção de organizar, ainda este ano, a próxima reunião da Comissão de Alto Nível de Cooperação Brasil-Rússia. O encontro deve incluir discussões sobre comércio, investimentos, intercâmbio cultural e cooperação científica e tecnológica. Segundo fontes diplomáticas, há expectativa de avanços em acordos voltados para agricultura, indústria de defesa e exploração espacial, áreas de interesse mútuo.

A ligação ocorre em um momento sensível para a diplomacia brasileira. O governo Lula tem buscado equilibrar relações com potências ocidentais e, ao mesmo tempo, aprofundar laços com países que enfrentam sanções internacionais. Essa estratégia, chamada por especialistas de “multipolar”, é vista por apoiadores como uma forma de ampliar a autonomia do Brasil na política externa, mas criticada por opositores como sinal de alinhamento a regimes autoritários.

Putin, por sua vez, enfrenta crescente isolamento no cenário internacional devido à guerra na Ucrânia, que já resultou em milhares de mortes e deslocamentos forçados. As sanções econômicas impostas por países ocidentais impactaram setores estratégicos da economia russa, tornando mais relevantes as parcerias com nações dispostas a manter o diálogo e o comércio. Nesse contexto, a cooperação com o Brasil é vista como uma oportunidade de reforçar a presença russa na América Latina.

Ao final da conversa, Lula reiterou a posição brasileira de defender negociações que levem a um cessar-fogo duradouro, ressaltando que a paz só será alcançada com concessões de ambos os lados. Putin, segundo o Kremlin, expressou disposição para continuar trocando informações diretamente com o presidente brasileiro e para participar de futuras mediações que envolvam países do Sul Global. A diplomacia entre os dois líderes, embora controversa, segue como peça importante no xadrez geopolítico atual.

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