O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dar uma declaração polêmica ao falar sobre o aumento dos preços dos alimentos. Durante entrevista a rádios da Bahia, Lula sugeriu que a solução para a inflação de 7,69% no setor alimentício seria a população se “educar”. Segundo ele, se os brasileiros pararem de comprar itens caros, os comerciantes serão forçados a reduzir os preços. A fala, no entanto, soa como um deboche para milhões de famílias que mal conseguem colocar comida na mesa.
— Se você vai ao supermercado e acha que algo está caro, não compre. Se todo mundo fizer isso, o vendedor terá que baixar o preço para não perder — declarou o presidente. A frase gerou revolta instantânea e foi interpretada como uma tentativa de transferir a responsabilidade da inflação para o próprio povo, em vez de propor soluções reais.
A oposição não perdeu tempo e rebateu com ironia. O senador Ciro Nogueira (PP) criticou duramente a postura de Lula: “Se o arroz está caro, parem de comer. Se o gás está caro, parem de cozinhar. Se a gasolina está cara, parem de sair de casa. Para este governo, basta que o povo pare de viver que o problema se resolve”. Já o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) foi ainda mais ácido: “Se o aluguel está caro, mora na rua. Se o remédio está caro, morre. Simples assim.”
Enquanto isso, o governo corre para justificar a fala do presidente. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), tentou minimizar a polêmica, afirmando que Lula está “focado” no combate à inflação. No entanto, os números não mentem: a carestia segue apertando a população, e o real segue desvalorizado.
Dólar dispara e Lula culpa tudo, menos sua política econômica
Ainda na entrevista, Lula mirou no empresariado, acusando comerciantes de “explorar” os consumidores simplesmente porque os salários aumentaram. Para ele, o problema não está na falta de gestão do governo, mas sim na ganância dos empresários:
— O povo não pode ser extorquido. A pessoa vê que a massa salarial cresceu e sobe o preço. O salário mínimo aumentou, e sobem os preços. Isso precisa parar.
A declaração gerou perplexidade, já que a alta de preços no Brasil tem múltiplas causas, incluindo o descontrole fiscal do próprio governo. O descompasso entre gasto público e arrecadação segue pressionando a economia, e a falta de medidas concretas para frear a inflação escancara a ineficiência do Palácio do Planalto.
Outro ponto que chamou atenção foi a explicação de Lula sobre a disparada do dólar, que chegou a R$ 6,26 no fim de 2024 e ainda está na casa dos R$ 5,76. Segundo o presidente, a valorização da moeda americana foi resultado de “especulação” e de uma “arapuca” deixada pelo ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
— Tivemos um aumento do dólar porque o BC foi irresponsável. Eles montaram uma armadilha e não dá para desmontar do dia para a noite — disparou Lula, ignorando que a confiança do mercado despencou justamente por conta das incertezas sobre a política econômica do seu governo.
A crise no câmbio também teria sido impulsionada, segundo Lula, por “loucuras feitas nos Estados Unidos”. Porém, especialistas apontam que o maior problema está dentro do Brasil, com um governo que gasta mais do que pode e não oferece previsibilidade para investidores.
No fim das contas, a entrevista de Lula serviu apenas para reafirmar o que já se sabe: em vez de admitir seus erros e buscar soluções, ele prefere culpar os outros. Enquanto isso, o povo segue pagando a conta de um governo perdido, sem rumo e sem coragem para enfrentar a realidade.